OBRIGADO!!!

O forte não é o que tem poder, o que tem riqueza material, mas o que compreende os seus irmãos, o que aguenta as incompreensões, o que defende os menos favorecidos... Forte é simplesmente cumprir com os deveres humanos !!!

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terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sobre Pais e Filhos


publicado por Evandro Pelarim (um blog que vale a pena seguir).
Um texto sobre pais e filhos…
Recebi o texto abaixo da competente Diretora da Escola SESI de Fernandópolis, Rosicleide Costa Scapim da Fonseca Carósio. Um belo artigo que vale aqui ser reproduzido:
“Pais Terceirizados(Autoria: Alexandra Guerra Castanheira)
‘Esta é, com certeza, a geração mais abandonada de todos os tempos’. Afirma o psicólogo Steve Biddulph, um dos mais requisitados especialistas em educação de crianças. ‘Pesquisas feitas na Inglaterra mostram que os pais passam apenas seis minutos proveitosos com seus filhos por dia. Não basta dar comida, presentes, sentar em frente da televisão e esperar que seu filho tenha um comportamento exemplar’. (Revista Veja, 21 de Julho, 2004. P. 76).
A falta de tempo para se dedicar aos filhos é uma consequência da época em que vivemos, e tem afetado drasticamente a educação das crianças. Existe uma maneira de não gastar tempo com filhos, basta não tê-los. Mas, parece que alguns pais descobriram outra forma de criar filhos gastando o mínimo de tempo: a terceirização. Uma das características do século XXI é a terceirização, ou seja, passar para terceiros a realização de determinadas tarefas. Para evitar trabalho e dores de cabeça, contrata-se uma firma especializada, para cuidar de certos setores. Chegamos a ponto de terceirizar até a criação de nossos filhos!
O que deveria ser um apoio para os pais na formação do ser humano acabou tomando o lugar deles, veja só: A educação, tanto acadêmica como a formação ética e moral, foi passada para as escolas. Nas reuniões de pais, as escolas andam pedindo ajuda aos pais para que os alunos cumpram com seus compromissos escolares, respeitem os colegas e funcionários... e os pais respondem com um pedido de socorro: ‘Eu não sei mais o que fazer com este menino, façam o que quiserem!’. Ao ser chamada na escola de seu filho pela 4ª vez, uma mãe alegou que não tinha tempo para o filho porque estava trabalhando muito para lhe proporcionar uma vida melhor. Os cuidados diários foram transferidos para os irmãos mais velhos, tios e até para os vizinhos, que dão uma ‘olhadinha’ de vez em quando na criança. Sozinhas, em casa, muitas se sentem inseguras e abandonadas. Uma mãe foi para os Estados Unidos e deixou a filha de quatro anos com o pai. A criança disse que a mãe foi ganhar dinheiro e vai mandar um celular para ela. Parece que a filha aprendeu rápido a lição que a mãe lhe deu: coisas valem mais do pessoas.
A formação do caráter agora é eletrônica: a TV e os jogos eletrônicos cuidam disso. Muitas meninas se vestem e agem imitando toda a sensualidade das animadoras de auditório; maquiagem e cantadas nos meninos já são comuns. Os meninos falam e se portam seguindo os modelos que têm de violência e desrespeito; chutam, batem e quebram. A educação moral e cristã já virou função da igreja. Pais cristãos levam as crianças para as classes bíblicas para descansarem de mais esta responsabilidade. Estes serviços e pessoas podem e são ajudas preciosas e têm seu papel na formação das personalidades, mas nunca deveriam tomar o lugar que cabe aos pais. Será que a falta de tempo nos levou a isto? Lídia Weber, psicóloga; em entrevista a revista Veja em 02/06/04, disse: ‘Educação é trabalho. Se você tem um relatório para entregar no dia seguinte, vira a noite mas o faz. Por que muitas pessoas não têm esse empenho quando se trata de educar suas crianças.?’
Realmente, nossos valores estão se invertendo. Hoje o que vale é ter mais e nem tanto ser mais. Também conheço mães e pais que, realmente, precisam gastar boa parte do tempo trabalhando, mas se empenham para investir tempo de qualidade em seus filhos. Sabem onde eles estão, com quem andam, como vão na escola, o que lhes dá alegria, o que lhes entristece; conhecem seus filhos. Amam, disciplinam, sabem dar os limites necessários. Quando não sabem, procuram ajuda com pessoas e literaturas adequadas, sem, no entanto, transferirem a terceiros a missão de educar seus herdeiros.
O que seu filho mais precisa é de você. Não dá para ser pai e mãe por correspondência ou só por telefone. Educar é relacionar. Relacionar gasta tempo, energia, paciência, negação de si mesmo; e, por outro lado, produz caráter, alegria, equilíbrio, saúde, felicidade. Nada é mais importante que a educação de seus filhos! Nem carreira, nem bens materiais, nem a pia sempre limpa. Crianças precisam de pais que as amem o suficiente para investir tempo nelas, amá-las e dar-lhes limites e liberdade na dose certa para serem felizes. Que Deus dê amor, sabedoria e coragem para educar seus filhos como eles precisam ser educados.
Invista em seus filhos. É sua missa e vale a pena!”

(Colaboração: Escola SESI de Batatais/ Agosto/ 2010).
Publicado na integra com preservação dos Direitos Autorais.
 
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PUBLICAÇÃO DA REVISTA VEJA CITADA NO TEXTO ACIMA.

Especial
10 regras fáceis para educar seus anjinhos

Equilíbrio entre a ciência e o bom senso, essa é a fórmula para ajudar os pais a criar filhos mais preparados para a vida

Rosana Zakabi

Pedro Rubens
1

O desafio de criar os filhos tornou-se uma das áreas do comportamento humano mais exaustivamente pesquisadas. Foram tantas e tão diversas as receitas surgidas ao longo dos últimos anos que os pais, ao fim e ao cabo, ficaram desnorteados. Afinal, o que funciona? Existem fórmulas que, se aplicadas com critério, vão criar o ambiente favorável para que os filhos se transformem em adultos emocionalmente equilibrados e com chance de ser produtivos e felizes? O psicólogo Laurence Steinberg, da Temple University, um dos profissionais mais conceituados dos Estados Unidos, acredita ter encontrado um denominador comum na quase infindável bateria de pesquisas e reflexões sobre as relações entre pais e filhos. Em um esforço extraordinário de síntese de meio século de pesquisas comportamentais, Steinberg resumiu em dez princípios básicos toda a gama de atitudes e reações que os pais devem se condicionar a ter em relação aos filhos. Apenas dez. Parece simples demais, mas por trás desse enunciado ergue-se uma das mais consistentes propostas de educação infantil surgidas nos últimos anos. As idéias de Steinberg estão expostas em seu último livro, The 10 Basic Principles of Good Parenting (Os Dez Princípios Básicos para Educar os Filhos), lançado recentemente nos EUA, onde se tornou imediato sucesso entre pais e especialistas.

Para compilar suas regras, o psicólogo americano estudou praticamente todas as linhas de pesquisa sobre educação de crianças e adolescentes produzidas nos últimos cinqüenta anos. A conclusão básica de Steinberg, a noção central que lhe deu a certeza de ter encontrado a síntese ideal do relacionamento com os filhos, vem do fato de que toda a ênfase é colocada sobre a mudança de comportamento dos pais – e não das crianças. A segunda linha de raciocínio do psicólogo americano, que também significa uma libertação dos dogmas antigos, estabelece que educar os filhos, embora seja uma missão cumprida mais com a força do amor e do instinto, tem sólida base científica. Ela pode, portanto, ser resumida em alguns princípios capazes de funcionar em qualquer cultura e nos mais diversos ambientes familiares. "Alguns pais têm melhores instintos que outros, mas todos podem ser igualmente bons na tarefa de educar", disse Steinberg a VEJA.

Claudio Rossi2

 

É PRECISO FIRMEZA
"Não dá para criar três meninas se você não tiver firmeza no que diz, faz e pensa. Às vezes é difícil manter nossas posições, corta o coração ver as crianças chorando por causa de coisas que elas querem e não podem ter, mas precisa ser assim. Há coisas que devem ser priorizadas em sua educação, e ensiná-las até onde elas podem ir é uma delas."
Neusa Tahan Farina, dona de loja de roupas em São Paulo, mãe de Maria Helena, 7 anos, Maria Regina, 5, e Maria Eduarda, de 7 meses

 

A idéia de reunir todo o conhecimento científico em um manual tão exíguo, com apenas uma dezena de itens, pode parecer uma temeridade. Afinal, não existe nada mais complexo que as relações humanas, e, dentro delas, a interação de pais e filhos é um verdadeiro labirinto de charadas e significados. Essa constatação não foi um empecilho para Steinberg. "O que fiz foi compilar toneladas de estudos técnicos escritos em jargão científico e reescrevê-los em uma linguagem acessível a todos", explica Steinberg. "Ser um bom pai em dez lições parece uma simplificação absurda de um tema complexo, mas o professor Steinberg chegou bem próximo de descobrir princípios universais que regem as relações entre pais e filhos", diz James Bjork, presidente do Instituto Nacional de Estudos do Alcoolismo, que fica em Bethesda, Maryland. "O trabalho dele é a melhor combinação de filosofia com regras práticas e fáceis de ser seguidas", comenta o americano.

Ele desprezou toda a literatura que ensina como alimentar, vestir, estimular ou ensinar disciplinas escolares às crianças. A razão para isso é simples. Essas são justamente as questões que variam de lar para lar e de cultura para cultura. Sua obsessão foi fixar-se nos aspectos imutáveis da vida familiar. Por isso, de seu trabalho resultou muito mais uma filosofia de vida familiar, uma orientação geral do que seja criar um filho – e que funcione universalmente. "Meio século de estudos nos permite dizer com boa dose de certeza o que funciona e o que não funciona", disse Steinberg. Ele acredita que os dados científicos mostram com clareza a relação de certos princípios básicos com o desenvolvimento sadio das crianças na família. As conclusões das pesquisas são tão claras e consistentes que, segundo Steinberg, podem ser enunciadas sem medo de erro na forma de regras simples e fáceis de ser seguidas. Em sendo seguidas, o que elas produziriam? Essa talvez seja a melhor parte do trabalho do pesquisador americano. Diz ele: "Bons pais criam um ambiente familiar que favorece o equilíbrio emocional e os elementos associados a ele". Quais são esses elementos? Honestidade, empatia e a autoconfiança são alguns. A gentileza e a alegria de viver são outros. Conclui Steinberg: "A combinação disso tudo produz pessoas com curiosidade intelectual, motivação para aprender, se desenvolver e vontade de produzir e se socializar de forma sadia, longe das drogas e do álcool".

Jader da Rocha
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PARTICIPAÇÃO ATIVA
"Acho muito importante conversar com a Alessandra, tirar suas dúvidas e saber tudo sobre o dia-a-dia dela. Também gosto de participar da vida de minha filha. Conheço suas amigas, coloco-me à disposição para levá-las a festinhas e programas em geral e buscá-las. É nessas horas que a gente consegue perceber o que realmente acontece na vida delas, coisas que nem sempre nossas filhas contam para a gente."
Adriana Diniz, economista em Curitiba, mãe de Alessandra, 14 anos

A primeira impressão que muitos pais têm ao ler o trabalho de Laurence Steinberg é a de que algumas de suas regras parecem óbvias. São mesmo. Mas isso, na visão dele, é ótimo sinal. Mostra que a pessoa que está lendo já está de posse de pelo menos parte do instrumental teórico de que precisa para educar bem os filhos. A regra número 1 de Steinberg, por exemplo, diz que os filhos copiam muito mais o comportamento dos pais do que seus ensinamentos. "Essa todo pai já ouviu, mas poucos a praticam", afirma ele. Pura verdade. Essa verdade precisa ser reprisada e lembrada todos os dias para que tenha efeito positivo. A regra número 3 manda envolver-se com as atividades dos filhos e informar-se sobre sua vida, seus amigos e seus interesses. Parece simples. O enunciado é, mas a prática exige real e genuíno interesse dos pais pela vida dos filhos – e não apenas o desejo de espioná-los e controlá-los. Steinberg conta que decidiu escrever seu livro, em parte, porque se surpreendeu com o comportamento incoerente dos pais que estudou ou conheceu. Um exemplo que gosta de citar: alguns são permissivos quando suas crianças são pequenas e, para compensar essa leniência, tornam-se verdadeiros sargentos quando elas ficam mais maduras. Essa volatilidade levou-o à regra número 7, segundo a qual os pais precisam, antes de mais nada, ser coerentes. De acordo com o pesquisador, mudar as regras do jogo conforme os interesses dos pais é o caminho mais curto para perder o respeito dos filhos.

Leo Caldas/Titular
4

 

TEMPO VALE OURO
"Temos horários muito corridos durante a semana, mas tentamos aproveitar o máximo possível o tempo em que ficamos com as crianças. Sabemos que elas precisam disso. Quando estou em casa, nada de elas no quarto vendo TV e eu na sala. Jogamos, brincamos na varanda, conversamos, ficamos sempre juntas. E toda noite as coloco na cama, conto uma história e canto uma música."
Luciana Mello, psicóloga no Recife, mãe de Luiza, 4 anos, e Ana Maria, 1 (na foto com o marido, o arquiteto Amaro Neto)

Autor de outros nove livros e mais de 200 artigos para jornais e revistas, seu nome é referência nos Estados Unidos quando o tema é desenvolvimento infantil. O que tempera de vida real seu trabalho é o fato de que, afinal de contas, ele também é pai (um filho de 19 anos, universitário). Como tal, sentiu na pele a dificuldade de se comportar dentro da própria casa com a maturidade, a tranqüilidade e a coerência que ele aconselha aos pais em geral.

Steinberg recomenda que se façam elogios com mais freqüência do que se fazem admoestações. Eles podem ser de dois tipos. Um deles é o incondicional, cujo sentido seja o de "Eu amo você pelo que você é". Esse afeto não precisa ser conquistado, nunca será perdido e demonstrá-lo deixa a criança segura e eleva sua auto-estima. A outra forma é o elogio condicional: "Eu gostei do que você fez". Se os filhos ficam sabendo que o pai e a mãe notam quando eles agiram de modo correto ou terminaram com sucesso alguma tarefa, em geral vão tentar acertar de novo. Isso também os ajuda a aprender o valor do trabalho árduo quando se quer atingir um objetivo. Uma advertência é necessária aqui: elogios não são suficientes, diz o psicólogo. Por mais que os pais declarem seu amor aos filhos, se não passam um tempo razoável com eles, as palavras serão uma mentira. Para as crianças, o que os pais fazem é o que conta, e não o que eles dizem (lembre-se, é a regra número 1).

CONSELHO DE FILHO
"Eu e meu marido discutimos e brigamos um dia desses. O Gabriel disse que a gente deveria conversar, tentar se entender, colocar um sorriso no rosto e fazer as pazes, pois era isso que sempre havíamos ensinado a ele. Achei legal ver que nosso filho entende, acredita e usa o que passamos a ele no dia-a-dia. As crianças têm uma percepção muito grande sobre o que acontece no ambiente em que elas vivem."
Luciana Alvarez, dona de salão de beleza em São Paulo, mãe de Gabriel, 7 anos, e Giulia, 4

Claudio Rossi
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Na análise de Steinberg, um fator essencial na educação infantil é o estabelecimento de normas e limites para os filhos. Há pais que se colocam na posição das crianças e imaginam como deve ser desagradável ter alguém lhes dando ordens o tempo todo. Dessa forma, assumem uma atitude tolerante com relação a esses princípios. O que a observação científica constatou é que a necessidade de seguir normas e limites tem um efeito oposto nas crianças. Na verdade, essas obrigações no fundo lhes transmitem segurança. A melhor maneira de criar um adulto desorientado e inseguro é fazê-lo crescer num ambiente familiar caótico, em que tudo é imprevisível e não se sabe direito o que é certo e o que é errado. Todo filho, evidentemente, reclama das regras, e pode fazê-lo num tom vários decibéis acima do tolerável. Isso é normal, e geralmente a raiva passa logo: as crianças não se apegam às emoções com a mesma intensidade dos adultos. O psicólogo americano diz que, com o tempo, o controle sobre regras e limites migra dos pais para a própria consciência dos filhos. Se um menino de 6 anos escova os dentes todo dia antes de ir para a cama, estejam os pais presentes ou não, é porque aos 4 essa obrigação lhe foi imposta. Se uma adolescente de 16 anos cuida de fazer a lição de casa diariamente, é porque os pais conferiam se ela seguia essa regra quando estava no ensino fundamental. A adolescência é um período para o qual não há regras simples, porque o próprio cérebro do jovem está passando por grandes transformações, como mostra o médico Roberto Wüsthof em artigo na página 78.

Estabelecidas as regras, é importante ter constância em sua aplicação. Se elas mudam a cada dia, ou se são exigidas só de vez em quando, a culpa pelos deslizes será do pai, não do filho. É aceitável estender um pouco a hora de a criança ir para a cama nos fins de semana, mas não a ponto de bagunçar seu relógio interno de forma a que na segunda-feira ela chegue à escola como um zumbi. E mais: deixe claro o que você espera de seu filho quanto ao comportamento. Não largar a toalha molhada em cima da cama após o banho é uma regra tão óbvia para a maioria dos pais que muitos se esquecem de enunciá-la para a criança. O que fazer quando o filho bate pé? Na sociedade em geral, a toda transgressão grave das regras corresponde uma punição. Para Steinberg, o mesmo princípio deve ser aplicado à educação dos filhos. Sim, os conceitos modernos de educação dos filhos desafiam um dos pontos nevrálgicos da liberalidade dos anos 60 e recomendam a punição das crianças como forma de corrigir atitudes ou comportamentos errados que se tornem recorrentes.

Claudio Rossi
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IMPONDO REGRAS
"Temos três regras em casa que são imutáveis: as meninas só vêem TV depois que escurece, balas e chicletes só aos sábados e domingos e, durante a semana, as refeições são feitas à mesa, com a família reunida. Acho que estabelecer regras é uma maneira de passar segurança às meninas, de fazer com que elas confiem em você. É também uma forma sincera de demonstrar amor."
Simone Santoro, consultora de moda infantil em São Paulo, mãe de Bruna, 5 anos, e Giovana, 2

É bom deixar claro que Steinberg é totalmente contrário à punição física. "Nunca, não importa a extensão de sua raiva ou o tamanho do erro de seu filho, lance mão do espancamento", disse a VEJA. "Ao fazê-lo, entre outros danos, você ensina a ele que bater nos outros é um modo aceitável de resolver os problemas da vida." As agressões verbais são igualmente desaconselháveis. Estudos mostram que crianças submetidas constantemente a insultos, humilhações ("Não acredito que pus no mundo uma criança assim"), sarcasmo ("Essa foi realmente uma idéia brilhante") ou acusações ("Você faz da minha vida um inferno") apresentam riscos consideravelmente maiores de sofrer de males psicológicos como baixa auto-estima e depressão clínica. Além disso, as agressões verbais são totalmente inúteis para reverter quadros de indisciplina ou punir as crianças por erros cometidos, por dois motivos, de acordo com Steinberg:

• Elas minam a qualidade da relação entre pais e filhos. Quanto mais chocantes as palavras do adulto, menos a criança irá se importar com suas opiniões a respeito dela.

• Quando os pais se dirigem ao filho de forma agressiva ou aos gritos, a atenção dele é desviada do conteúdo da mensagem para a forma como ela está sendo transmitida. É o mesmo que ocorre nas ruas quando um motorista dirige palavrões a outro que acaba de fazer uma barbeiragem. A atenção do motorista ofendido se desloca da infração ("Eu deveria ter sinalizado que iria mudar de faixa") para a reação do outro motorista ("Que atrevimento dele me xingar dessa maneira!").

Claudio Rossi
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A PUNIÇÃO JUSTA
"Minha esposa e eu não damos palmadas nem brigamos levantando a voz com nossos filhos. Vimos que isso não funciona. Então, estipulamos como recurso mais grave de punição o castigo, aplicado depois de esgotado o recurso do diálogo. O castigo tem de ser algo que incomode, que faça a criança refletir sobre o que é errado. Por exemplo, colocá-la num canto do quarto, sem nada para brincar."
Luis Cláudio Montoro Mendes, advogado em São Paulo, pai de Beatriz, 4 anos, e Nicolas, 2
(na foto com a esposa, Luciana Jubran, florista)

Todo pai está sujeito a explosões de raiva, principalmente quando se encontra sob algum tipo de stress. Nessas horas, lê-se no manual dos Dez Princípios, o melhor é respirar fundo e dizer algo como: "Estou muito irritado para falar sobre isso agora, vamos esperar até podermos tratar do assunto com mais calma". Nunca se deve esquecer que as crianças aprendem mais com o comportamento dos pais que com seus conselhos e lições. A tendência a imitá-los é tão forte que, hoje, a ciência considera esse comportamento como parte da evolução da espécie.

As mudanças nos relacionamentos ocorridas durante o século XX, tanto no campo das relações humanas quanto no da educação, tiveram enorme impacto no modo como convivem pais e filhos. (Leia abaixo entrevista com o psicólogo Steve Biddulph). Em síntese, os mais velhos abandonaram a idéia, popular até os anos 60, de que criança não tem querer e aceitaram que ela possui vontade própria e merece ser tratada com respeito. Pesquisadores estudam desde então a melhor maneira de educar crianças sob esse novo parâmetro, de forma que sejam felizes e independentes. Infelizmente – como escreveu a revista americana Newsweek, citando o livro de Laurence Steinberg –, poucos desses trabalhos chegaram às pessoas que mais precisam de ajuda: os pais com um bebê aos berros na fila do caixa do supermercado ou o pai desesperado com a filha adolescente que teima voltar para casa de madrugada. A tentativa de descobrir regras gerais de convivência entre pais e filhos é vista por muitos especialistas como uma ponte entre o mundo acadêmico e a vida real. "Essas regras, como as compiladas por Steinberg, são muito coerentes e essenciais para a boa educação dos filhos", avalia a educadora carioca Tania Zagury. Autora de onze livros sobre educação, Tânia vê semelhanças entre o próprio trabalho e a filosofia educacional expressa pelo americano.

As semelhanças não são gratuitas, já que Steinberg realmente cunhou suas regras a partir do que é consensual na comunidade de educadores. Outros autores defendem a eficácia de traduzir calhamaços teóricos num conjunto enxuto de regras. Esse tipo de manual se tornou uma necessidade urgente depois que ambos os pais passaram a trabalhar fora, nos anos 70. Antes disso, só havia livros de orientação médica, que falavam sobretudo em maneiras de lidar com os aspectos físicos do crescimento. Os manuais de como educar os filhos começaram a proliferar em meados dos anos 90, e a maioria deles expressa a opinião isolada de seu autor. "Se os pais não ensinarem aos filhos como se devem comportar enquanto ainda são novos, será muito difícil que eles aprendam como agir de forma correta quando forem mais velhos e os pais não estiverem por perto", pondera a psicóloga paulista Rosely Sayão, autora de vários manuais sobre educação. Os especialistas não esperam que os pais sigam os manuais ao pé da letra, mas consideram que eles fornecem uma boa margem de segurança a pais que, de outra forma, estariam desorientados diante do desafio de criar seus anjinhos.

1. As atitudes no dia-a-dia são mais importantes que os conselhos
Os filhos aprendem muito mais observando o comportamento dos pais do que os ouvindo

2. Demonstre afeto incondicional por seu filho. Isso não o tornará mimado
É muito saudável abraçar e beijar os filhos, independentemente da idade

3. Envolva-se com a vida de seu filho
A falta de monitoramento aumenta os riscos de eles se envolverem com drogas, álcool e delinqüência e de gravidez precoce

4. Mude a forma de tratar a criança de acordo com as etapas de crescimento
A técnica que funciona em certa idade é um desastre em outra

5. Estabeleça regras e limites desde cedo
Com o tempo, eles ajudam seu filho a administrar o próprio comportamento

6. Encoraje seu filho a se tornar independente
Muitos pais, erroneamente, associam a busca por independência à rebeldia, à desobediência e ao desrespeito

7. Seja coerente
Se as regras do jogo mudam a cada dia, ou são esquecidas, a culpa pelo mau comportamento é dos pais, não da criança

8. Evite castigos físicos e agressões verbais
A punição é necessária, mas acompanhada de violência ela tem efeito nocivo a curto e a longo prazo

9. Explique suas regras e decisões e ouça o ponto de vista de seu filho
Ele aceitará suas ordens com mais facilidade se entender que elas fazem sentido

10. Trate seu filho com respeito
A criança trata os outros da forma como é tratada pelos pais

ÀS VEZES É PRECISO CURAR OS PAIS

Divulgação
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Biddulph: "Para educar não basta dar comida, presentes e sentar na frente da televisão"

O psicólogo inglês Steve Biddulph, de 50 anos, é um dos mais requisitados especialistas em educação de crianças. Dois de seus cinco livros sobre o assunto – O Segredo das Crianças Felizes e Criando Meninos – venderam juntos 11 milhões de cópias e foram traduzidos em 27 idiomas. No Brasil, Criando Meninos permaneceu na lista dos mais vendidos por dezesseis meses. Pai de dois filhos, um rapaz de 19 anos e uma menina de 11, Biddulph deu a seguinte entrevista à repórter Gabriela Carelli:

O SENHOR DIZ QUE ANTES DE TRATAR AS CRIANÇAS É PRECISO CURAR OS PAIS. O QUE ISSO SIGNIFICA?
Se os pais têm conflitos no casamento ou traumas pela forma com que foram criados na infância, esses problemas vão repercutir na vida da criança a curto e a longo prazos. Antes de engajar os filhos em dez atividades fora da escola ou colocá-los no divã do analista, temos de checar o que se passa com os pais. Se ajudarmos os adultos a manter o casamento e superar as frustrações pessoais, eles vão criar melhor os filhos.

COMO AJUDAR OS PAIS?
Quando algum casal me procura para solucionar um problema de seu filho, como notas baixas, rebeldia ou timidez, peço para que o pai e a mãe me contem tudo o que se passa na vida familiar e detalhes sobre suas vidas pessoais antes de se casarem. Na maioria das vezes, acabo descobrindo que os pais são mais problemáticos que os filhos e proponho uma terapia familiar.

QUAL É O ERRO MAIS COMUM NA EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS?
Não se trata de um erro, mas de uma conseqüência do estilo de vida moderno: a falta de tempo para se dedicar aos filhos. Esta é, com certeza, a geração mais abandonada de todos os tempos. Pesquisas feitas na Inglaterra mostram que os pais passam apenas seis minutos proveitosos com seus filhos por dia. Não basta dar comida, presentes, sentar na frente da televisão e esperar que seu filho tenha um comportamento exemplar.

 
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